De Primeira: JC FC deixou legado de falta de estrutura e calotes antes de mudar de nome

JC FC falta de estrutura e calotes
A casa onde viviam o elenco e a comissão técnica do JC em 2024, com a piscina imunda. (Foto: arquivo pessoal).

Nome fantasia

Em 2025, o JC Futebol Clube mudou seu nome fantasia para Itacoatiara Futebol Clube. Na coluna da segunda-feira (7), o Diário do Futebol Feminino mostrou que a mudança alterou a nomenclatura, mas manteve a prática de não pagar jogadoras e comissão técnica.

Mesmo método

Ano passado, o JC FC participou do Brasileirão Feminino A2 e esteve perto de conseguir uma das quatro vagas de acesso para a divisão de elite nacional. Fora de campo, porém, todo o esforço das jogadoras não foi recompensado.

Dívidas

“O João Carlos (Campos, presidente do clube) só me pagou o primeiro mês de salário corretamente, em março de 2024. A partir do segundo mês, ele começou a fugir das atletas e passou a não pagar direito. Deixei o clube em junho com ele me devendo três ajudas de custo e um salário na carteira”, conta Joyce Ramos, ex-jogadora do JC, uma das muitas atletas que saíram do clube do Amazonas e não receberam.

Ambiente insalubre

As jogadoras contam que o elenco que disputou o Brasileirão A2 ficou hospedado em uma casa grande, mas com estrutura inadequada. “Chegamos a ficar sem luz algumas vezes e vivíamos na base de gambiarras. A piscina estava sem manutenção, com foco de mosquitos da dengue”, conta Joyce.

Refeições inadequadas

A experiente zagueira Sandra Figueiredo era a capitã do JC FC em 2024 e se recorda das dificuldades. “Com o tempo tudo foi ficando ruim. Muitas vezes nós tínhamos que ir pra cozinha, porque as cozinheiras não eram pagas pelo clube. Nosso café da manhã era fraco para uma atleta e não tínhamos refeições adequadas nas viagens”, relata Sandra, que também não recebeu os salários devidos ao deixar o clube.

Uma aventura

“Bom mesmo só foi no primeiro mês. Nos quatro restantes foi tudo uma aventura”. Assim resume o técnico português Hugo Duarte sua passagem no comando do JC. “Faltava campo adequado para treinar, o transporte por vezes não aparecia, a alimentação era ruim, a piscina estava muito suja nos últimos dois meses, podendo haver até uma transmissão de dengue. Além disso, faltava muito a energia de noite”, complementa o treinador.

Mau-caráter

O preparador de goleiros Ruy Patrício, atualmente no Penarol, do Amazonas e que esteve no JC em 2024, é enfático sobre o que vivenciou e não poupa críticas ao presidente de seu antigo clube. “Todas as meninas procuraram dar o máximo de profissionalismo. Mas o João Carlos é um mau-caráter”, diz Patrício, que também saiu do clube sem receber corretamente.

O outro lado

Procurado pelo Diário do Futebol Feminino, o presidente João Carlos Campos não quis se pronunciar. Coube ao atual técnico do Itacoatiara, Fernando Lage, dar a sua versão aos fatos. “Os salários estão sendo pagos por acordos judiciais. Já poderiam ter sido saldados, mas as atletas optaram por acionarem à justiça, que é um direito que lhes assiste”, respondeu Lage.

Foto de Thiago Bastos

Thiago Bastos

Jornalista há 26 anos, com experiência em jornalismo esportivo diário em veículos como A Tribuna de Santos, Lance! e Revista Placar. Atuação em assessorias de imprensa em órgãos públicos como prefeituras de Santos e Praia Grande e CET-Santos. Repórter em cobertura diária do Santos FC e de esportes olímpicos.

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