Outubro Rosa: mais do que um símbolo, uma nova era de protagonismo para as atletas

Outubro Rosa
Clubes e projetos sociais têm a chance de aproveitar o momento para ampliar o protagonismo feminino no esporte. (foto: Lucas Figueiredo/CBF)

A chegada do Outubro Rosa, é oportuna para refletir: como podemos unir a causa da luta contra o câncer de mama com uma estratégia transformadora para o futebol feminino? A resposta pode estar no fortalecimento da imagem digital das atletas, por meio de transmissões, podcasts, campanhas, plataformas de mídia, formação em oratória e ações sociais integradas ao calendário esportivo.

Enquanto o Outubro Rosa sensibiliza e gera visibilidade para temáticas de saúde e gênero, clubes e projetos sociais têm a chance de aproveitar esse momento para ampliar o protagonismo feminino no esporte. Ao impulsionar a exposição midiática das atletas, em programas de rádio, TV, podcasts e redes sociais cria-se um ciclo virtuoso: maior visibilidade leva a mais patrocínios, melhores condições e inspiração para novas gerações.

Da imagem ao impacto: ferramentas e estratégias

1. Gestão de imagem ampliada: além dos campos

O Grupo Sisu, por meio de sua holding que inclui a Golden Goal e outras empresas, vem articulando a gestão da imagem de atletas como negócio estratégico. Eles defendem que esse modelo vá além da simples comercialização de direitos, oferecendo capacitação para o pós-carreira, com atuações em gestão esportiva ou palestras, abrindo novas fontes de receita para as atletas. (Máquina do Esporte). 

Essa visão aponta para um modelo híbrido: atletas são marcas, entidades esportivas devem investir em plataformas de imagem e conteúdo, e o mercado encontra caminhos inovadores de monetização.

2. Dados como pilar de profissionalização

Um dos pontos centrais da estratégia da Sisu consiste no uso de dados integrados: programas de sócio-torcedor, e-commerce, consumo digital e perfis de engajamento são combinados para entender o comportamento do torcedor e desenvolver ofertas segmentadas.” (Máquina do Esporte)

No futebol feminino, isso significa que cada visualização, compartilhamento e clique pode ser convertido, em pacotes de patrocínio digital, ativações de marca, campanhas segmentadas ou parcerias comunitárias.

3. Meios de transmissão e participação em mídias digitais

A presença das atletas em podcasts, vídeos, entrevistas, lives e transmissões não deve ser apenas simbólica, mas orientada por estratégia editorial: calendários temáticos, episódios em datas como Outubro Rosa ou Dia Internacional da Mulher, e participações em programas regionais de rádio ou TV. Essas ações reforçam a imagem das atletas e aproximam marcas que buscam vínculos locais e sociais.

Além disso, associar campanhas de saúde e prevenção, como as do Outubro Rosa, com conteúdo esportivo permite criar narrativas poderosas que conectam esporte e cidadania.

4. Capacitação e habilidades públicas

Para que a gestão da imagem não seja apenas espontânea, clubes e projetos sociais podem investir em formação de suas atletas: oficinas de oratória, media training, técnicas de comunicação, produção de conteúdo digital, participação efetiva em programas de rádio/TV e presença em podcasts. Isso prepara as atletas para serem mais articuladas, confiantes e influenciadoras em suas comunidades.

5. Caminhos práticos e integrados

Calendário editorial temático: durante outubro, conteúdos que dialoguem com saúde, superação e protagonismo feminino.

Parcerias com veículos locais: rádios, blogs, emissoras regionais que possam dar espaço para entrevistas e quadros com atletas.

Projetos sociais integrados: atividades comunitárias de conscientização sobre saúde, esporte e empoderamento ligados ao time.

Campanhas de marca parceira local: pequenas empresas da cidade que apoiam a campanha rosa do clube em troca de exposição nas mídias digitais e eventos.

Avaliação e ajuste com dados: monitorar métricas de alcance, engajamento e impacto para ajustar conteúdos e propostas de patrocínio.

Outubro Rosa que vai além do laço rosa

O mês de outubro pode ser o ponto de partida para uma transformação substantiva no futebol feminino brasileiro. Ao aproveitar campanhas como o Outubro Rosa para estimular a imagem das atletas no ambiente digital e midiático, clubes e projetos sociais constroem valor simbólico e econômico.

Com a gestão estratégica da imagem, uso de dados, capacitação das atletas e presença organizada em mídia, podemos transformar cada transmissão, entrevista e campanha em oportunidade real de investimento, visibilidade e impacto social. Essa é a visão futurista, mas viável,  de um futebol feminino que não teme o palco, mas o domina.

Que este mês rosa seja também o mês de ascensão de uma nova era para o futebol feminino: com mais voz, mais imagem e presença real no cenário esportivo, cultural e social.

Foto de Edinalva Brito Gomes

Edinalva Brito Gomes

Advogada Desportiva, especialista em Direito no Futebol, Prática advocatícia em Direito Família e Cível. Pós-graduada em Direito Público - Direito e Processo Trabalhista. Membro da Comissão Direito Desportivo da OAB/ES e Membro do Tribunal de Justiça Desportiva Unificado - TJDU/ES. Presidente da CAAES Mulher, Coordenadora da Seleção de futebol Capixaba de advogadas 2022/2023, Vice-Presidente da Diretoria CAAES Esportes e Coordenadora das Modalidades de Esportes Femininos da CAAES. Presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (COMDDIM-VV). Presidente Fundadora do Projeto Sempre Vivas ES. Ao longo da trajetória profissional, tem se dedicado à prática advocatícia com um enfoque humanista, sempre buscando promover a justiça e os direitos humanos, com uma atuação marcada pelo compromisso com a ética, a responsabilidade social e a liderança.

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