Chegou à nossa redação do Diário do Futebol Feminino uma informação preocupante vinda de dentro do Centro de Treinamento do Fortaleza Esporte Clube: o time feminino Sub-20 foi convidado para disputar a Copa São Paulo de Futebol Feminino, mas a resposta dada foi “não”.
Segundo relatos, a decisão teria sido atribuída a cortes internos. O nome do presidente Marcelo Paz chegou a ser mencionado, embora a própria fonte reconheça que talvez ele nem tenha ciência do que ocorreu, podendo ser uma determinação de gestores abaixo dele. O fato é que a negativa deixou muitas atletas chateadas e desmotivadas.
Um histórico de conquistas ignorado
O Fortaleza feminino vem se destacando com frequência. A base do clube tem fornecido jogadoras para as seleções de base da CBF, além de revelar atletas que seguem carreira em grandes clubes nacionais. Ainda assim, o espaço e o investimento continuam sendo desproporcionais em comparação ao futebol masculino, que recebe atenção e recursos muito superiores.
O risco do retrocesso
O episódio revela um problema estrutural do futebol feminino no Brasil: falta de fiscalização, ausência de mecanismos de defesa e pouca representatividade institucional. Federações estaduais pouco se importam com a modalidade, e a própria CBF trata o futebol das mulheres em nível estadual e municipal como uma pauta secundária.
Na prática, caso uma equipe seja privada de competir em torneios importantes, as atletas não têm a quem recorrer. Isso gera um ciclo vicioso: menos competições, menos visibilidade, menos oportunidades, mais desistências e desigualdade.
A pergunta que fica
O futebol feminino, que vem conquistando vitórias dentro de campo, parece encontrar suas maiores derrotas fora dele. Afinal, se projetos que revelam talentos, levam jogadoras às seleções e representam um futuro promissor recebem um “não” em competições relevantes, quem realmente está disposto a lutar por elas?
Este é um alerta grave: as atletas seguem sozinhas, sem voz e sem defesa.
O caminho necessário
Diante desse cenário, é urgente pensar em políticas públicas de proteção e valorização das jogadoras de futebol em todo o país. Não basta apenas abrir espaço em competições: é preciso garantir que as instituições de futebol nacional e estadual cumpram seu papel de fomentar, fiscalizar e investir na modalidade feminina.
As mulheres têm o mesmo direito que os homens de praticar o esporte com dignidade, estrutura e oportunidades iguais. O futuro do futebol brasileiro depende de um olhar inclusivo, capaz de compreender que o talento não tem gênero, e que negar espaço às mulheres é negar também o crescimento do próprio esporte.





