“ Faremos uma revolução no futebol feminino”. A frese é impactante na mesma proporção em que é desafiadora. Foi dessa maneira que Samir Xaud, novo presidente da CBF, referiu-se à modalidade, na segunda-feira (26), dia de sua posse.
Xaud estará acompanhado de Michele Ramalho, única mulher entre os recém-empossados vice-presidentes da entidade.
A princípio, ela dá demonstrações de que será sua fiel escudeira na caminhada para o fortalecimento do futebol feminino.
Michele Ramalho é presidente da Federação Paraibana de Futebol desde 2018, integra o Conselho Consultivo da CBF e, em sua gestão, conseguiu organizar um estadual feminino com 11 clubes participantes em 2024.
Mas quais são os principais desafios do novo comando da CBF para potencializar o futebol feminino? Abaixo, o Diário do Futebol Feminino cita alguns deles.
Fomento além do eixo Sul-Sudeste
A centralização do futebol feminino nas regiões Sul e Sudeste é notória. No Brasileirão Feminino A1 deste ano, 12 dos 16 participantes são dessas regiões. Os demais clubes são divididos entre o Centro-Oeste (1), Norte (1) e Nordeste (2).
A proporção é semelhante no Brasileirão Masculino (15 dos 20 clubes são do Sul-Sudeste), mas essa concentração é ainda mais destacada quando se expande para o número de atletas no país.
Segundo o diagnóstico do futebol feminino do Brasil, feito pelo Ministério do Esporte em 2023, 84% das atletas em categorias de base jogam em times das regiões Sul e Sudeste (50% em cada).
Deste total, 73% das meninas nasceram em estados das duas regiões. O restante é formado por jogadoras emigrantes.
Muitas equipes ainda lutam com condições precárias, falta de infraestrutura e escassos recursos.
Insegurança profissional
O número de jogadoras de futebol com carteira assinada no Brasil cresce a cada ano, mas a distância para os homens segue muito grande.
No fim de 2022, dado mais recente, havia 9.829 homens jogando futebol e formalizados, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais – base de dados que acompanha o movimento dos profissionais celetistas e estatutários).
No mesmo período, havia 362 jogadoras com contrato. Ou seja, para uma atleta com carteira havia 27 homens na mesma situação.
Calendário irregular
A Supercopa do Brasil teve seu início somente no início de março. A CBF divulgou a tabela da competição no final de fevereiro.
Foram quase dois meses de indefinição até que a entidade organizasse o sorteio das partidas.
No Brasileirão A1, a competição apenas iniciou no final de março. O A2 e A3 só deram o pontapé inicial em abril.
Foram janelas enormes de treinamento sem que houvesse se quer uma partida oficial para a maioria das equipes disputar.
A Copa do Brasil, que retornou ao calendário esse ano, só começou em maio.
Nas categorias de base, nenhuma competição iniciou até o momento.
Brasileirão sem patrocínio
O Brasileirão Feminino está sem nenhum patrocinador nesta temporada em todas as suas três divisões.
A competição não conta com placas de publicidade ao redor do gramado e nem com backdrops durante as entrevistas no campo das jogadoras.
Em 2025, a CBF perdeu os três patrocínios do futebol feminino que justamente estampavam suas marcas durante os duelos.
Até o momento, a entidade não conseguiu novos acordos.
Vale ressaltar que o Brasileirão Feminino A1 já vai para sua 13ª rodada.
Ausência de VAR
O Brasileirão Feminino não conta com o recurso do VAR disponível na primeira fase da competição, mas apenas a partir das quartas de final.
A ausência do equipamento eletrônico já trouxe problemas para várias equipes nesta competição, em virtude de sucessivos erros de arbitragem.
A não utilização do VAR no feminino contrasta com o expediente adotado no Brasileiro Masculino, que adota o sistema desde a rodada inaugural.





