O sobrecarregado gramado do Estádio Florencio Sola, na região metropolitana de Buenos Aires (ARG), será palco da final da Libertadores Feminina entre Corinthians x Deportivo Cali (COL), neste sábado (18), às 16h30. Globo, Sportv, Xsports, Cazé TV e GOAT transmitem a partida.
A casa do Banfield, clube da primeira divisão argentina, local da decisão sul-americana, recebeu 17 partidas em 17 dias no mês de outubro, um pelo campeonato local e 16 pela Libertadores.
Especialistas ouvidos pelo Diário do Futebol Feminino afirma que a utilização de um mesmo gramado de maneira consecutiva é extremamente prejudicial para as atletas.
“Por muitas vezes, o uso excessivo do gramado pode fazer com que a estrutura e o padrão daquele gramado não fique adequado para a prática do futebol. É comum aparecerem buracos, desníveis e desgaste aparente. A bola não corre melhor e compromete a técnica do jogo”, explica Vanessa Barreto, fisiologista do futebol feminino do Sport Recife.
“Também há os impactos articulares dos atletas, em especial das mulheres, que tem a estrutura anatômica diferente dos homens. Além dos fatores fisiológicos, tem os fatores de estresse mecânico, com sobrecarga de joelho, tornozelo e quadril, podendo ocasionar lesões”, ressalta Vanessa.
A Libertadores Feminina iniciou dia 2 de outubro, com dois estádios escolhidos pela Conmebol para sediar a competição, que contou com 32 jogos: o Florencio Sola, do Banfield, e o Nuevo Francisco Urbano, do Deportivo Morón.
“Com um campo em péssima condição, vai atrapalhar todo o movimento do atleta, não vai ter segurança para poder fazer um sprint e mudar de direção. Sem afalar na parte técnica, que será bastante influenciada”, enfatiza Daniel Padilha, coordenador de performance da base do Santos Futebol Clube.
Protocolo
A Federação Paulista de Futebol (FPF) desenvolveu o Manual de Gramados, que serve como guia de padronização para as competições no Estado de São Paulo. Conforme o documento “recomenda-se que nas 24 horas que antecedam as partidas o gramado não seja usado para nenhuma prática”.
Durante a Libertadores, em nada menos que oito dias o Estádio Florencio Sola recebeu duas partidas na mesma data, incluindo a disputa de terceiro e quarto lugares e a finalíssima.
“É algo a se refletir: é possível colocar um gramado para ser usado tantas vezes a ponto de colocar os atletas em risco? A prioridade deve ser a proteção da saúde física e estrutural das jogadoras”, comenta Vanessa Barreto.
Pelo Mundo
Os principais torneios continentais pelo mundo vão na contramão da Libertadores Feminina.
Na América do Norte, a Concacaf Women’s Cup acontece concomitantemente aos jogos da liga nacional dos Estados Unidos, México, Panamá e El Salvador.
A competição consiste em uma fase de grupos seguida de mata-mata. Com 10 times participantes, os jogos são realizados com mandos de campo das respectivas equipes.
Na Europa, a Champions League Feminina, principal torneio de clubes da modalidade, tem apenas sua fase preliminar com sedes únicas. Na fase de liga, as equipes jogam em seus estádios.
“A gente fala muito sobre o crescimento do futebol feminino, mas quando olhamos para a qualidade dos gramados em uma competição como a Libertadores, percebemos que ainda há um longo caminho. É uma pena ver atletas de alto nível tendo que lidar com condições que não condizem com a grandeza da competição”, pondera Denise Fernandes, coordenadora técnica do futebol feminino do Esporte Clube São Bernardo (SP).
O palco da final: Estádio Florêncio Sola
02/10 Corinthians x Independiente Del Valle
02/10 Always Ready x Santa Fe
03/10 Colo Colo x Olímpia
03/10 São Paulo x São Lourenzo
05/10 Boca Juniors x Adiffem
05/10 Alianza Lima x Ferroviária
06/10 Deportivo Cali x Nacional de Montevideu
06/10 Libertad x Universidad de Chile
08/10 Santa Fé x Corinthians
08/10 Ferroviária x Boca Juniors
09/10 Olimpia x São Paulo
09/10 Universidad de Chile x Deportivo Cali
11/10 Barnfield x Racing
12/10 Colo Colo x Libertad
12/10 Deportivo Cali x São Paulo
18/10 Ferroviária x Colo Colo
18/10 Corinthians x Deportivo Cali





