O Dia Internacional da Igualdade da Mulher nasceu como um marco da luta histórica por direitos civis, políticos e sociais. É uma data que deveria simbolizar conquistas já consolidadas. Porém, quando olhamos para a realidade, percebemos um abismo entre o discurso da igualdade e a prática cotidiana.
Na sociedade, ainda vemos mulheres enfrentando desigualdade salarial, sub-representação política, violência de gênero e preconceito estrutural. No esporte, especialmente no futebol, esse cenário ganha contornos ainda mais nítidos: enquanto o futebol masculino movimenta bilhões em patrocínios, infraestrutura e visibilidade midiática, o futebol feminino ainda luta pelo básico — campos adequados, salários dignos, contratos seguros e reconhecimento proporcional ao talento em campo.
Comparar esses dois mundos é olhar para um espelho quebrado: de um lado, a narrativa da paixão nacional que exalta a “bola no pé”; de outro, mulheres que, apesar de conquistas históricas, ainda são obrigadas a driblar o preconceito e a invisibilidade. Essa contradição é reflexo de uma estrutura machista enraizada, que resiste em enxergar a mulher como protagonista no futebol e na sociedade.
No entanto, o futebol feminino segue crescendo, não apenas em resultados, mas em resistência e representatividade. Cada atleta que ocupa seu espaço é também uma voz contra o silêncio histórico. Cada menina que sonha em jogar profissionalmente é a prova de que o futuro não pode ser negado.
Por isso, neste 26 de agosto, mais do que celebrar, precisamos provocar:
- Qual igualdade estamos realmente dispostos a praticar?
- Até quando o talento feminino será medido por uma régua desigual?
A igualdade que reivindicamos não é um favor, mas um direito constitucional, humano e social. No futebol, assim como na vida, não buscamos jogar o mesmo jogo — buscamos jogar em um campo nivelado, onde respeito, investimento e valorização sejam regras universais.





